O que o comprador quer: conforto, eficiência ou certificação?

Por: Cristiane Rossatto Candido.

Uma estratégia muito importante, no cenário imobiliário atual, é entender o que o cliente busca em uma edificação. Pesquisas ao longo dos últimos anos mostram que eficiência energética, conforto térmico e acústico e certificações ambientais vão além de diferenciais: são critérios cada vez mais exigidos pelos consumidores, regulamentações e investidores. Mas como os projetos podem se adaptar a essa nova realidade? O que mais pesa nessa decisão para o consumidor final?

Conforto: Desempenho normativo e bem-estar

Conforto acústico, lumínico e térmico são demandas do usuário final atualmente, não basta mais entregar empreendimentos bonitos esteticamente. Estudos como o publicado pelo World Green Building Council, evidenciam que usuários que habitam ambientes bem projetados em termos de iluminação natural e ventilação percebem maior bem-estar e produtividade. O crescimento do setor de automação residencial — especialmente nas áreas de climatização e iluminação — reforça essa tendência: só o segmento “Comfort & Lighting” no Brasil deve movimentar R$ 124 milhões em 2025 (Statista).

Além disso, bancos de dados climáticos e ocupacionais, como o da UFSC, apontam que estratégias como ventilação híbrida e proteção solar passiva ajudam a manter ambientes agradáveis com baixo consumo de energia — uma solução que une conforto e eficiência.

Eficiência Energética: Valorização e economia

Segundo estudos, cerca de 84% dos profissionais do setor imobiliário consideram parâmetros de eficiência energética como decisivo em transações. E mais: 45 % dos entrevistados afirmam que não fechariam negócio com imóveis que não possuam esses atributos. Esses são dados do relatório ESG Global da CBRE (2022) que evidenciam que questões ambientais estão cada vez mais em pauta também no setor da construção civil.

Em termos reais, uma edificação ter eficiência energética significa que ela foi pensada para economizar energia nos mais diversos âmbitos como: automação de iluminação, uso de iluminação natural, uso de materiais que melhoram o desempenho térmico e consequentemente a eficiência energética, implantação de sistema de energia solar e/ou aquecimento solar de água. Essa soma de atributos em uma edificação se traduz em uma edificação que consome menos energia, gerando uma economia mensal. O que isso significa? Economia operacional significa valorização do ativo. Imóveis eficientes tendem a ter maior rentabilidade em aluguéis e no preço de venda.

Certificações ambientais: Validação com os compromissos de desempenho

Cada vez mais as certificações ambientais ganham espaço no mercado brasileiro e mundial. Segundo um artigo publicado no site do USGBC, o Brasil já figura entre os 10 países com maior área certificada LEED no mundo. No mesmo ritmo, o GBC Brasil aponta que imóveis certificados economizam até R$ 10.000 por ano em energia, água e manutenção.

Além da economia, há o reconhecimento de mercado. Certificações como LEED, EDGE, GBC Condomínio e WELL validam o desempenho ambiental e o bem-estar dos usuários, e mostram que o projeto segue práticas consolidadas internacionalmente. Inclusive, estudos indicam que edifícios WELL certificados têm 39 % mais chance de gerar satisfação plena dos ocupantes quando comparados a edifícios apenas LEED.

Indo além, certificações como PBE Edifica já são obrigatórias para edificações públicas novas no Brasil, desde 2024. Isso mostra que cada vez mais as certificações serão exigência, não só para se destacar no mercado, mas também como obrigatoriedade de desempenho e compromisso com o meio ambiente e futuro sustentável.

E afinal: o que o comprador quer?

A resposta é: os três. O comprador moderno — especialmente aquele com maior poder aquisitivo e informação — busca imóveis confortáveis, energeticamente eficientes e com algum tipo de validação técnica. A boa notícia é que essas frentes não competem entre si: pelo contrário, se complementam.

Ao priorizar conforto, o projeto melhora a percepção do usuário. Ao garantir eficiência, reduz custos e emissões. Ao buscar certificação, traduz tudo isso em valor agregado e diferencial competitivo.

Como adaptar os projetos?

Existem vários caminhos para adaptação de projetos as novas demandas. A seguir estão dispostas algumas ideias:

  • Escolher materiais com bom desempenho térmico e menos impacto ambiental;
  • Mapear demandas específicas de desempenho acústico e térmico, e assim adaptar a envoltória e aberturas;
  • Incluir automação em conjunto com estratégias passivas (ex. dimerização da iluminação);
  • Considerar a certificação desde a concepção do projeto, para evitar retrabalhos;
  • Criar um plano de comunicação aos clientes, por meio de manuais, etiquetas, comparação de consumos e desempenho.

Na 2ES Sustentabilidade, acreditamos que construir com propósito é o melhor caminho para criar valor — para quem constrói, para quem compra e para o planeta.

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REFERÊNCIAS

  1. CBRE. 2022 Global ESG Real Estate Investor Survey. 2022. Disponível em: https://www.cbre.com/insights/reports/2022-global-esg-real-estate-report. Acesso em: 23 jun. 2025.
  2. STATISTA. Smart Home – Comfort & Lighting – Brazil. 2024. Disponível em: https://www.statista.com/outlook/dmo/smart-home/comfort-lighting/brazil. Acesso em: 23 jun. 2025.
  3. WORLD GREEN BUILDING COUNCIL. Home Green Home: uma pesquisa sobre construções verdes no Brasil. 2016. Disponível em: https://worldgbc.org/news-media/home-green-home-uma-pesquisa-sobre-construcoes-verdes-no-brasil/. Acesso em: 23 jun. 2025.
  4. GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL. Ranking de Certificação LEED no Brasil. 2024. Disponível em: https://www.gbcbrasil.org.br/ranking-leed. Acesso em: 23 jun. 2025.
  5. GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL. Relatório Anual GBC Brasil 2023. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.gbcbrasil.org.br/publicacoes. Acesso em: 23 jun. 2025.
  6. WIKIPEDIA. WELL Building Standard. [S. l.], 2025. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/WELL_Building_Standard. Acesso em: 23 jun. 2025.
  7. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LabEEE. Base de Dados de Conforto Térmico. Florianópolis, 2021. Disponível em: https://labeee.ufsc.br/publicacoes/base-de-dados-de-conforto-termico. Acesso em: 23 jun. 2025.
  8. 6WRESEARCH. Brazil Green Building Market (2024–2030): Overview & Forecast. [S. l.], 2024. Disponível em: https://www.6wresearch.com/. Acesso em: 23 jun. 2025.